"Mas quando há querelas, quando surgem associações sectárias, à custa da grande associação a vontade de cada uma destas associações torna-se geral em relação aos seus membros e privada em relação ao Estado: pode então dizer-se que não há tantos votos quantas as pessoas, mas sim quantas as associações. As divergências tornam-se menos numerosas e dão assim um resultado menos geral. Finalmente quando uma destas associações é tão grande que impõe às outras a sua vontade, já não temos por resultado uma soma de pequenas divergências, mas sim uma única divergência; então, deixa de se manifestar a vontade geral e a opinião que prevalece é a vontade particular.
É pois necessário, para que se manifeste a vontade geral, que não haja sociedades parciais dentro do Estado e que cada cidadão manifeste apenas a sua opinião própria. Esta foi a única e sublime instituição do grande Licurgo. Se for necessária a existência de sociedades parciais, é preciso que se multiplique o seu número e se previnam as desigualdades como fizeram Sólon, Numa e Sérvio. Estas precauções são as únicas eficazes para que a vontade geral seja sempre esclarecida e para que o povo não se engane."

ROUSSEAU, Jean-Jacques, O contrato social, Livro II, cap.III

Dizem-me e bem que o que queres dizer já foi dito por alguém de forma melhor. Faço então minhas as palavras de Rousseau em relação à "praça" política portuguesa(e a qualquer uma nos chamados "estados de direito") e às eleições legislativas antecipadas que se avizinham.


PS: Pode não estar relacionado, mas o sotaque da Elizabeth Hurley mexe comigo.